Um estudo europeu que analisou o risco estratificado por idade de trombose venosa cerebral após a vacinação contra a covid-19 apoia a segurança das vacinas como foram administradas, nomeadamente a da Astrazeneca preferencialmente para maiores de 60 anos.
“Não encontrámos provas de maior risco de trombose venosa cerebral associado às vacinas de ARN-mensageiro (Pfizer e Moderna). Relativamente à vacina baseada vector adenoviral mais utilizada na Europa, a vacina da AstraZeneca, os dados confirmam que o risco da síndrome rara de trombose venosa cerebral e trombocitopenia depende da idade”, disse à agência Lusa a coordenadora do estudo Diana Aguiar de Sousa.
O estudo, cujos resultados foram publicados na revista Neurology, visou “definir a incidência na Europa” desta complicação “extremamente rara” que foi descrita em Março em relação com a vacina da AstraZeneca, explicou a neurologista do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN). Na altura, os dados eram ainda limitados e a maior parte dos países adoptou políticas de restrição relativamente à idade, utilizando a vacina da AstraZeneca em grupos etários mais idosos pela suspeita de que existia um risco superior nas camadas mais jovens.
O estudo, que envolveu investigadores de vários países, pretendeu não só quantificar o risco deste tipo de trombose para cada uma das quatro vacinas aprovadas na Europa, como especificar esse risco para cada grupo etário, disse Diana Aguiar de Sousa. Para isso, utilizaram dados de farmacovigilância de 31 países europeus até 13 de Junho de 2021, que são recolhidos sistematicamente num registo suportado pela Agência Europeia do Medicamento (EMA, sigla em inglês) e dados públicos sobre o número de primeiras doses de vacina contra a covid-19 administradas por semana e por faixa etária, provenientes do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doença.
Segundo a investigadora, nos 31 países estudados e durante este período, foram administradas 228 milhões de primeiras doses de vacinas contra a covid-19 e notificados 550 casos, sendo que 276 tinham trombocitopenia, uma manifestação que sugere que possa haver associação com esta síndrome, e 274 não tinham este marcador.
“Utilizando estes dados, podemos confirmar, por um lado, a segurança relativamente a este tipo de eventos trombóticos das vacinas baseadas em ARN-mensageiro”, tendo-se verificado que não existiam provas de risco aumentado de trombose venosa cerebral, associada ou não a trombocitopénia. Por outro lado, salientou, foi possível confirmar que, em relação às vacinas adenovirais, nomeadamente a da AstraZeneca, “o risco aumentava em idades mais jovens”, apesar de o risco absoluto “ser sempre muito baixo”, uma vez que “é uma complicação extremamente rara”.
Adicionalmente, viu-se que, “destes, há casos que poderão ser associados a esta síndrome rara e casos que não o serão, que ocorrem na população em geral como já aconteciam antes da pandemia”. “No que diz respeito à trombose venosa cerebral, os dados deste estudo vêm apoiar e quantificar a segurança das políticas de vacinação que têm sido adotadas pela maioria dos países Europeus”, declarou Diana Aguiar Sousa.
Fonte: Público
Disponível em: https://www.publico.pt/2021/12/22/ciencia/noticia/covid19-estudo-trombose-venosa-cerebral-confirma-seguranca-vacinas-1989606
Acesso em 19 de janeiro de 2022