Cirurgia bariátrica reduz riscos para o câncer de mama

Estudos comprovam que procedimento cirúrgico auxilia na prevenção e proporciona melhor resposta ao tratamento oncológico; obesidade está entre os principais fatores de risco para a doença

A obesidade é um fator de risco bastante conhecido para a maioria das doenças, no entanto, sua associação com os diferentes tipos de câncer, sobretudo com o de mama, ainda é incerta. Uma pesquisa da Universidade de Oxford, na Inglaterra, revelou que o excesso de peso é um dos responsáveis pelo desenvolvimento e menor probabilidade de cura desse tipo de câncer, podendo diminuir em 11% as chances de sobrevida da paciente.

Por outro lado, pesquisas apontam que mulheres que se submetem a procedimentos para o tratamento da obesidade, como a cirurgia bariátrica, têm menor probabilidade de desenvolverem a doença. Um interessante estudo, cujos resultados foram publicados na edição de maio da revista Gynecologic Oncology, mostrou que a cirurgia está associada ao risco reduzido de tumores específicos como o câncer de mama. A análise envolveu 1.420 mulheres que se submeteram à cirurgia bariátrica, e 1.447 que receberam tratamento padrão para a obesidade.

Segundo a cirurgiã bariátrica do Instituto de Medicina Sallet, Ana Caroline Fontinele, a obesidade e sobrepeso estão relacionados a um processo inflamatório crônico e, ao passar pelo tratamento cirúrgico e atingir um peso ideal, o paciente elimina um importante fator de risco. "A cirurgia atua na fisiopatologia da obesidade. Assim, além de ter o controle de peso e de comorbidades, teoricamente a paciente também tem riscos reduzidos para o câncer de mama", explica.

Assim como outros tipos de tumor, o câncer de mama pode surgir por várias causas, sejam de natureza genética e hereditária, história reprodutiva ou ambientais e comportamentais. Conforme a médica-cirurgiã, a obesidade pertence ao terceiro grupo de fatores ao lado de condições, como inatividade física, tabagismo, consumo de bebida alcoólica, exposição frequente a radiação e ionizantes, entre outras.

Segundo Fernanda Barbosa, mastologista do Instituto do Câncer do Estado de São (ICESP), como mencionado, o excesso de peso está relacionado a uma pior qualidade de vida e isso interfere em todas as doenças, principalmente, no câncer de mama. "A obesidade é um dos piores fatores, porque o câncer de mama é um hormônio dependente. Assim, a pessoa obesa tem um nível de estrogênio (hormônio feminino) circulante maior, o que pode induzir a multiplicação de células cancerígenas nessa região", explica.

Tratamento Multidisciplinar

Enquanto uma condição que pode agravar o estado do câncer de mama, a obesidade precisa ser considerada no tratamento oncológico. Segundo a médica mastologista, além de diminuir a eficácia das terapias, o excesso de peso aumenta as chances de recidiva, ou seja, de retorno do tumor. Dessa forma, pontua que o paciente que atende a esse perfil precisa procurar a ajuda de uma equipe multidisciplinar. "Não se trata apenas de intervenção com quimioterapia ou remédios. A prevenção e tratamento da obesidade também precisa ser um pilar", alerta.

Fonte: Terra

Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/cirurgia-bariatrica-reduz-riscos-para-o-cancer-de-mama,389423aea4da3d2279ab3df4b0ff2a67sf0qcg44.html

Acesso em 11 de novembro de 2021