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Outubro Rosa: um estímulo à prevenção

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Falar em prevenção nunca é demais, especialmente quando o foco é o câncer de mama. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), ele é o mais incidente na população feminina mundial e brasileira, excetuando-se os casos de câncer de pele não melanoma.

No mundo, são aproximadamente 2,3 milhões de casos novos estimados em 2020, o que representa 24,5% dos casos novos por câncer em mulheres. É também a causa mais frequente de morte por câncer nessa população, com 684.996 óbitos estimados para esse ano (15,5% dos óbitos por câncer em mulheres). 

Ainda segundo o INCA, no Brasil, o câncer de mama é o mais incidente em mulheres de todas as regiões, após o câncer de pele não melanoma. As taxas são mais elevadas nas regiões mais desenvolvidas (Sul e Sudeste) e a menor é observada na região Norte. 

Em 2022, estima-se que ocorrerão 66.280 casos novos da doença.

Primeira causa de morte

O câncer de mama é a primeira causa de morte por câncer na população feminina em todas as regiões do Brasil, exceto na região Norte, onde o câncer do colo do útero ocupa essa posição. A taxa de mortalidade ajustada pela população mundial alcançou 11,84 óbitos/100.000 mulheres, em 2020, com as maiores taxas nas regiões Sudeste e Sul, com 12,64 e 12,79 óbitos/100.000 mulheres, respectivamente.

O INCA afirma que o câncer de mama é uma doença rara em mulheres jovens. Sua incidência aumenta com a idade. A maior parte dos casos ocorre a partir dos 50 anos. Homens também desenvolvem a doença, mas estima-se que a incidência nesse grupo represente apenas 1% de todos os casos.

Os desafios para o controle do câncer de mama envolvem a prevenção primária, por meio de medidas comportamentais, que podem reduzir a incidência em 28% dos casos, e a detecção precoce, que favorece tratamentos conservadores e um melhor prognóstico.

Outubro Rosa 

Criada nos anos 90, o Outubro Rosa é uma mobilização de sociedade para estimular a detecção precoce e a prevenção do câncer de mama, bem como apoiar mulheres que lidam com a doença para que elas sejam adequadamente acolhidas, tratadas e se fortaleçam na ajuda mútua, esclarece o INCA. 

O Outubro Rosa se tornou uma das campanhas mais conhecidas para a conscientização sobre o câncer de mama.

Detecção precoce 

A detecção do câncer de mama engloba o diagnóstico precoce (abordagem de pessoas com sinais e/ou sintomas iniciais da doença) e o rastreamento (aplicação de teste ou exame numa população sem sinais e sintomas sugestivos de câncer de mama, com o objetivo de identificar alterações sugestivas de câncer e encaminhar as mulheres com resultados anormais para investigação diagnóstica).

De acordo com o INCA, o diagnóstico precoce contribui para a redução do estágio de apresentação do câncer. Para isso, é importante a educação da mulher e dos profissionais de saúde para o reconhecimento dos sinais e sintomas suspeitos de câncer de mama, bem como do acesso rápido e facilitado aos serviços de saúde tanto na atenção primária quanto nos serviços de referência para investigação diagnóstica. Os sinais e sintomas suspeitos de câncer de mama são:

  • Nódulo (caroço), fixo e geralmente indolor: é a principal manifestação da doença, estando presente em cerca de 90% dos casos quando o câncer é percebido pela própria mulher.
  • Pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja.
  • Alterações no bico do peito (mamilo).
  • Pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço.
  • Saída espontânea de líquido anormal pelos mamilos.

O rastreamento por meio de mamografias periódicas é recomendado pelo Ministério da Saúde para mulheres entre 50 e 69 anos, a cada dois anos. A recomendação brasileira segue a orientação da Organização Mundial da Saúde e de países que adotam o rastreamento mamográfico. É na faixa etária alvo e com a periodicidade recomendada que se observa o melhor equilíbrio entre benefícios e riscos do rastreamento. 

Câncer metastático 

De acordo com o INCA, avanços nas últimas décadas vêm possibilitando um melhor controle do câncer de mama, aumentando a qualidade de vida e a sobrevida das mulheres que enfrentam a doença. 

Os benefícios com novos medicamentos se estendem também ao câncer de mama metastático. 

Com o suporte terapêutico por meio de acesso às diferentes modalidades terapêuticas e do apoio de equipe multidisciplinar, é possível atualmente controlar a doença por anos, tendo como foco central a qualidade de vida da mulher.

Mitos e Verdades sobre o câncer de mama  

  • Desodorante pode causar câncer de mama.       

Mito. Estudos demostram que a axila pode absorver os componentes dos antitranspirantes, como o alumínio, que se alojam nas mamas. No entanto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirma que não existe comprovação científica de que a formulação contribua para o desenvolvimento do câncer de mama.

  • Atividades físicas ajudam na prevenção do câncer de mama.

Verdade. Segundo o INCA, a obesidade e o sedentarismo estão ligados ao risco de desenvolvimento da doença¹. Por isso, a prática regular de atividades físicas, sendo no mínimo 150 minutos por semana, pode diminuir o risco do câncer de mama.

  • Câncer de mama só aparece em quem tem histórico familiar.

Mito. As estatísticas mostram que apenas 10% dos casos têm origem hereditária, de acordo com dados do INCA2. Ou seja, as medidas preventivas são essenciais para qualquer pessoa. Apesar disso, o histórico familiar influencia quando o parentesco é de primeiro grau, ou seja, se a mãe, a irmã ou a filha foram diagnosticadas. E ainda mais quando o tumor apareceu antes dos 40 anos. Nesse caso, a mulher deve redobrar a atenção e procurar o médico para a orientação da conduta adequada

  • Mulheres mais velhas têm maior chance de desenvolverem o câncer de mama.

Verdade. Segundo a organização americana Breast Cancer³, dois em cada três casos de câncer de mama ocorrem em mulheres acima dos 55 anos de idade. Ou seja, há uma relação direta entre a idade e o desenvolvimento da doença. Porém, o rastreamento e a prevenção da doença devem ser feitos antes dessa idade.

  • Quem faz autoexame não precisa fazer a mamografia 

Mito. Embora o autoexame seja um aliado, nem sempre o nódulo é palpável, pois depende da sua localização e extensão. Ademais, o chamado “caroço no seio” não é o único sinal do câncer de mama. Por isso, mesmo que seja desconfortável, a mamografia é fundamental para o diagnóstico precoce. O exame analisa microcalcificações, nódulos menores e irregularidades no entorno da mama. Além disso, é ideal que todas as mulheres, sobretudo as de 40 anos ou mais, façam o exame anualmente. No Brasil, há uma lei federal que garante esse direito.

  • Amamentar diminui o risco de câncer de mama

Verdade. Durante a produção de leite as células mamárias se multiplicam em menor quantidade, reduzindo o risco da doença. Fora isso, a amamentação diminui o número de ciclos menstruais e, por consequência, diminui a exposição da mulher a certos hormônios que podem estar ligados a tumores, como o estrogênio.

  • Todo caroço na mama é início de um câncer

Mito. Os nódulos mamários são comuns e a maioria é benigno, ou seja, não se desenvolvem em câncer. Ainda assim, se notar o surgimento de um nódulo novo, este deve ser avaliados em consulta.

Fonte: oncologistas Daniela Rosa e Laura Testa, membros do Comitê de Tumores Mamários da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC)

Referências 

1INCA. Câncer de Mama

Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/mama

Acesso em 21 de setembro de 2022. 

2INCA. Fatores de risco. 

Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/gestor-e-profissional-de-saude/controle-do-cancer-de-mama/fatores-de-risco.

Acesso em 21 de setembro de 2022. 

3Breast Cancer. Age. 

Disponível em: https://www.breastcancer.org/risk/risk-factors/age

Acesso em 21 de setembro de 2022. 

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